segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Uma segunda chance

Sandra é uma mulher jovem, e apesar de não gostar muito do que vê no espelho, muitos homens a consideram muito bonita.

Ela sabe que está acima do peso, mas não acha justo abrir mão do prazer que os chocolates lhe proporcionam, afinal, eles têm sido sua companhia mais leal.

Ela não compreende os motivos, mas convive com a ideia de que não tem sorte com relacionamentos. Isso porquê os seus relacionamentos, que não foram muitos, foram muito traumáticos.

A primeira vez que ela se apaixonou, ainda muito jovem. Foi pelo garoto mais popular da escola, que não deu a mínima para ela e ainda riu e espalhou para toda a escola quando ela lhe enviou um bilhete apaixonado. Aquilo à magoou demais e durante o resto do ano ela não voltou a se sentir bem na escola.

Depois disso, quando finalmente teve coragem de se abrir para um relacionamento, e se sentia feliz e realizada por ter um garoto que era tão apaixonado por ela quanto ela era por ele, sofreu ainda mais por saber que seu namorado havia passado uma noite na casa de uma garota que ela considerava sua amiga.


Ele implorou por seu perdão, dizendo que a culpa havia sido da garota, que o convidou para ir na casa dela quando seus pais não estavam. A garota era muito bonita, e isso só a fazia se sentir pior. Ela se culpou também por fazê-lo esperar, já que ainda não se sentia preparada para ter relações íntimas com o garoto, mas jamais foi capaz de sentir de volta a paixão que sentia por ele. Então, seguiram como amigos.

Mais recentemente, quando novamente acreditou ter encontrado o amor de sua vida. Planejavam se casar e ter filhos e tudo era perfeito. Mas, poucos meses após terem se tornado noivos, um acidente de trânsito destruiu seus sonhos, e novamente ela se sentiu devastada e incapaz de sorrir.

Vários meses haviam se passado desde a morte prematura de seu noivo, e essa noite Sandra só queria sair e se divertir um pouco.

Vinha trabalhando demais, e suas amigas a convenceram de que ela precisava beber e dançar para voltar a se sentir jovem e viva. Então, na sexta-feira depois do trabalho, foram para uma danceteria bastante badalada do centro da cidade.

A música era alta e muito boa. Ele sentia as batidas no ritmo da música dentro do seu peito. E aquilo a fazia se sentir com vontade de dançar.

Bebeu um pouco na mesa com as amigas até juntar coragem para ir até a pista de dança.

A sensação era maravilhosa. Dançando sem se importar com nada e sem se lembrar de ninguém. A mistura da música com o álcool fez com que sua mente se libertasse de toda a mágoa e sofrimento que ela havia vivido.

Não estava interessada em nada além de dançar e se divertir essa noite, mas ficou ainda mais feliz e emocionada quando percebeu que estava sendo cortejada por um homem que, para ela pareceu bastante atraente e bonito.

As amigas se afastaram quando perceberam o clima que estava rolando, e ela deixou que este homem se aproximasse. Dançaram por vários minutos se encarando, bem de perto, sem que nenhum dos dois dissesse nada.

Ela estava adorando este momento. Algo tão intenso e mágico como ela não se lembrava de ter vivido em muito tempo.

A música acabou, e antes que a próxima música começasse ele segurou sua mão e o levou até o balcão. Pediu uma cerveja para si e coquetel de frutas à pedido dela.

Ela já estava completamente envolvida por aquele homem. A conversa fluía de uma maneira incrível e aos seus olhos, ele parecia perfeito em todos os sentidos. Se ela fosse um pouco menos insegura teria permitido que ele a tivesse beijado na primeira tentativa, mas já havia se esquivado dos lábios daquele homem por 3 vezes, em sem seu intimo se sentia mal por isso, já que estava muito carente e queria muito ser beijada. Então, estava firmemente decidida a não se esquivar mais, e da próxima vez que ele se aproximasse o beijaria com muita intensidade e se entregaria completamente ao desejo que estava sentindo.

Quando o momento estava se aproximando, e a conversa estava chegando novamente em um pouco que permitiria uma pausa, Sandra foi despertada do seu encanto com alguém à chamando tocando seu ombro.

Olhou para trás, levemente zonza por conta da bebida que havia ingerido, imaginando que veria alguma de suas amigas, mas se surpreendeu ao notar que era um homem que ela jamais havia visto.

Ele não se apresentou, e seu rosto apresentava uma expressão de urgência:

-Preciso que você venha comigo! Sua amiga passou mal e precisa de você!

Ela se alarmou, imaginando que alguma de suas amigas tivesse bebido demais, então se virou para o homem que a estava acompanhando e pediu que ele aguardasse um momento.

Estranhou que este homem que a havia chamado tenha segurado sua mão. Mas não conseguiu se livrar da mão dele. Seu toque era quente e suave, e o calor que vinha de sua mão estava se espalhando por todo seu corpo. Ela sequer percebeu que não estava sendo levada para onde suas amigas estavam, mas sim para um canto reservado próximo à saída da danceteria.

Ele parou de repente e se virou para ela. Ela olhou ao redor, sem entender, já que não viu suas amigas e nem ninguém que aparentasse precisar de ajuda.

Ainda segurando sua mão, o homem olhou em seus olhos, e, de alguma forma, ela se sentiu completamente atraída à ele.

Sem dizer nada, ele se aproximou lentamente. Uma mão segurando sua mão, e a outra deslizando por sua cintura. E a beijou de uma forma que a fez se sentir nas nuvens.

Não havia mais nada. A música havia sumido. A escuridão dos seus olhos fechados se transformou em luz. E ela não sabe por quanto tempo ficou assim, beijando e sendo beijada dessa maneira tão mágica até que aos poucos seus olhos foram se abrindo e a música voltando.

Quando abriu os olhos, a visão do homem à sua frente parecia algo mágico. Ele era alto e forte, mas tinha traços delicados, quase infantis. Ela não conseguia tirar os olhos dele, e ele à olhava de volta com o mesmo encanto, e com um sorriso lindo no rosto.

Levou alguns segundos para cair na real, então olhou mais uma vez ao seu redor e perguntou:

-Espere um pouco! Onde está minha amiga? E quem é você?

Ele sorriu, baixou os olhos por um instante e a encarando respondeu:

-Me desculpe, mas inventei essa história, pois foi a única maneira que que encontrei para te trazer até aqui. E eu jamais me perdoaria se perdesse essa chance!

Essas palavras tocaram fundo no coração da jovem moça, que sentiu uma nova onde de calor percorrendo todo seu corpo. Então, continuaram se beijando por mais alguns instantes, e a vontade do seu corpo aumentava a cada movimento. Ela estava ficando fora de si, mas foi ele quem sugeriu que saíssem dali e fossem para algum lugar mais tranquilo onde pudessem ficar mais à vontade.

Ainda de mãos dadas com o estranho, foi avisar às amigas que estava saindo, e reparou de relance quando passou pelo homem com quem havia dançado. Se sentiu mal ao perceber a decepção em seu rosto.

Sandra não era o tipo de mulher que iria para cama com um estranho, mas algo nesse estranho fazia com que ela fosse incapaz de dizer não. E quando deu por si, já estava em um belo quarto, com uma decoração de bom gosto. Uma grande cama de um lado e uma banheira dupla do outro.

Se entregou ao desejo e, em sua memória, não sabe diferenciar o que realmente aconteceu ou o que foi sonho, pois, depois de horas fazendo amor, pegou no sono deitada no peito daquele estranho sedutor.

Quando despertou, percebeu que estava sozinha na cama.

Seu corpo estava fraco, e sua cabeça levemente entorpecida ainda por efeito do álcool da noite anterior. Imaginou que seu amante estivesse no banheiro, mas não o encontrou lá. Então sentiu um leve desespero até que encontrou um bilhete sobre a mesa onde o café da manhã estava servido:

"Me desculpe pelos meus modos. Mas eu jamais me perdoaria se algo nessa noite tão perfeita e maravilhosa tivesse ocorrido de outra forma. Foi uma noite perfeita que eu jamais esquecerei e espero realmente que você entenda e não se culpe por nada, pois você é uma mulher maravilhosa e merece ser feliz!"

Ela ficou boquiaberta, sem saber como digerir o que estava acontecendo.

Imediatamente foi conferir sua bolsa, e sentiu um forte alívio ao se dar conta de que não estava faltando nada. Ligou para a recepção do motel, e foi informada de que a conta havia sido paga, assim como havia sido feito um pagamento extra por um táxi para levá-la para casa.

Tomou seu café-da-manhã tentando decidir como deveria se sentir com a situação, e foi para casa decidida a não pensar demais sobre isso.

Em sua memória, a noite havia sido perfeita, mas uma parte dela estava repassando cada detalhe tentando encontrar alguma falha. Algo que justificasse a saída repentina daquele estranho sedutor.

Depois de alguns dias, apesar de sentir um forte desejo de repetir a noite mágica com aquele desconhecido, ela passou a sentir ódio dele. Ódio por ele tê-la tirado dos braços daquele homem com quem ela havia dançado. Aquele que parecia realmente interessado nela. Aquele com quem ela poderia estar iniciando um relacionamento, e que havia se perdido por culpa de um sedutor que ela sequer sabia quem era.

Mais alguns dias se passaram e, embora o ódio pelo estranho estivesse diminuindo, a sensação de prazer nas memórias naquela noite ainda faziam suspirar. Então, navegando nas notícias pela internet, uma manchete chamou sua atenção.

Um retrato falado de um rosto que lhe era conhecido, onde se lia: "Procurado por assassinato de uma jovem no último final-de-semana".

Sentiu um frio percorrer sua espinha quando se deu conta de que o retrato falado era do homem com quem havia dançado na última sexta-feira.

Aquele mesmo que a teria seduzido se o estranho não tivesse interferido.

Enquanto lia toda a notícia sua cabeça girou até que ela se sentisse mal, imaginando o que poderia ter acontecido se aquele homem com traços infantis e sorriso amável não tivesse cruzado seu caminho e literalmente a tirado das garras frias da morte.

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