sábado, 8 de agosto de 2015

O programador

Algumas pessoas passam a vida toda sem saber exatamente no que são bons. Algumas passam anos e anos experimentando diversas "funções" até descobrir algo que realmente gostem de fazer. Já eu, faço o que eu faço desde antes da adolescência, ou seja, desde que me entendo por gente, que eu passo a maior parte do meu tempo na frente de um computador, escrevendo em códigos que todas as máquinas e algumas poucas pessoas são capazes de compreender.
Desde crianças que uma das minhas principais características, é minha incapacidade em aceitar o que me é apresentado sem questionar. Hoje eu entendo porquê os adultos não gostavam muito de mim quando criança, e entendo minha dificuldade em fazer amigos quando adolescente, mas, enfim, sempre fui assim.
Me lembro de debater contra ideias criacionistas das minhas tias quando eu não tinha nem 10 anos. Mesmo com pouco conhecimento, a evolução já era algo completamente claro e "óbvio" para mim (estamos falando dos anos 80).
Desde muito cedo, me lembro que eu sonhava em ser um cientista. A ideia era meio vaga, é claro, mas eu sabia que queria criar coisas, máquinas, robôs...
Então, no meu aniversário de 12 (ou 13) anos, sem nenhum aviso prévio, meu pai me presenteou com um computador. Estamos falando do início dos anos 90.
Eu ganhei um PC 286, com uma gambiarra que fazia com que ele agisse como um 386. O sistema operacional era o DOS 5.0, em inglês, é claro! (pesquise um pouco sobre isso. Trata-se de um SO sem interface gráfica, ou seja, todos os comandos eram executados através de linha de comando.). Não tinha mouse e internet era um sonho tão distante na época quanto a ideia de ter carros voadores agora. E tudo que eu tinha para me "guiar" era um pedaço de papel com meia dúzia de comandos: CD, DIR, PRINCE.EXE ...
O computador tinha alguns jogos (coloridos) que me fez me apaixonar pela ideia de ter um computador no meu quarto, mas, não foi o suficiente para alimentar minha mente insaciável.
Depois de alguns meses me acostumando com os comandos, e depois de ter passado minhas primeiras madrugadas jogando, eu comecei a querer saber mais sobre o que fazia os jogos "funcionarem".
Para isso, tentei abrir os arquivos binários dos jogos em editores de texto, e fiquei perplexo com a complexidade (ali eu já sabia que era isso que eu deveria fazer no futuro). Peguei um dicionário de inglês e comecei a abrir todos os arquivos de "help" que haviam no computador, e foi em uma dessas "buscas" que eu me deparei com o QBasic.
Ao me deparar com essa tela, eu percebi que se tratava do que eu estava procurando, ou seja, era uma ferramenta que poderia ser utilizada para CRIAR sistemas, fazer o computador "pensar" da forma que eu desejava.
Amigos? Brincadeiras? Eu deixei tudo de lado, e virava noites lendo e estudando cada comando da linguagem BASIC nos arquivos de ajuda do QBasic.
No meu computador haviam 3 programas de exemplo: Nibbles (o jogo da cobrinha), King-kong (onde dois gorilas ficavam jogando bananas explosivas um no outro baseados em coordenadas inseridas pelos jogadores) e um programa de cadastro de contatos.
Bom, basicamente foi assim que, aos 13 anos, sem nenhuma ajuda, sem nunca ter feito nenhum curso, sem internet e sem ter ninguém para me ensinar, que eu me tornei um programador.
Na época eu ainda não sabia o que isso significava, e nem que era uma profissão, eu só adorava criar pequenos sistemas, e me desafiar a criar códigos cada vez mais "complexos". Claro que, eu não tinha ninguém para quem apresentar os resultados, então era um prazer solitário que somente anos mais tarde viria a se tornar a profissão da qual eu me orgulho tanto.

A importância de buscar autoconhecimento

  Imagine que você está cavalgando por uma estrada. Você é um cavaleiro e está montando um cavalo sem cela e sem rédeas. O cavalo vai para o...