Não é meu aniversário. Já fazem uns meses que eu completei meus 43 anos. Mas a minha vida tem dado tantas voltas que eu decidi parar e fazer um balanço aqui para decidir ou descobrir qual caminho eu quero e vou seguir agora.
Eu fui casado por 3 vezes. Meu último relacionamento, que me fez extremamente feliz mas sempre foi complicado, terminou no final do ano passado. Ainda tentamos mais um pouco esse ano, mas não funcionou, e hoje eu entendo o porquê. E não é sobre o relacionamento em si, mas sobre as pessoas envolvidas, no caso, eu.
Outra coisa que aconteceu no final do ano passado, foi ter comprado uma casa. Comprei uma casa em Guarulhos, e agora isso é uma coisa que me prende de certa forma. Eu prezava muito pela liberdade de morar de aluguel e poder me mudar sempre que sentia vontade.
A Alice está cursando Direito, e a faculdade fica próxima de casa. Mas, não sei ainda o quanto eu pretendo ou devo estar próximo dela agora que nos separamos. Ela quer se sentir livre, sobretudo da imagem que ela acredita que eu tenho dela. Eu ocupei um espaço de pai pra ela, e hoje ela me vê como alguém que está o tempo todo julgando e impondo limites.
Uma ideia seria voltar para o litoral, provavelmente para o Guarujá mesmo. Mas não sei o que fazer com a casa aqui. Eu anunciei para venda, mas não estou contando com isso ainda. Ou eu poderia deixar ela morando aqui, já que ela é dona de metade da casa, enquanto nos resolvemos.
Mas o que tem me tirado o sono, é decidir como vai ser a minha vida agora. Eu sempre estive com alguém, com curtos intervalos de solteirice. E, ser parte de um casal ainda me parece melhor do que ser sozinho.
Talvez eu queira estar com alguém parecida com quem ela tentou ser. Uma esposa troféu, linda, inteligente, com hobbies femininos, que goste de se cuidar e cuidar do seu lar. Que realmente sinta prazer nisso, assim como eu sinto em ser um marido, provedor, protetor.
O que significa "aproveitar a vida"?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. E a resposta é muito individual.
Pensando pela psicanálise, aproveitar a vida significaria ter uma vida plena, moderadamente feliz, com o mínimo de ansiedade, tendo suas necessidades básicas supridas, uma rotina tranquila, vivendo no presente, sem neuroses e sublimando grande parte da sua libido. Mas podemos filosofar um pouco e concluir que o impacto que você causa nas pessoas e na sociedade, e o legado que você vai deixar, devem ser considerados também.
Viver, se sentir livre para ir para onde se quer, fazer o que quiser, com quem quiser e pelo tempo que quiser. Essa é uma definição de felicidade.
Então, o que me faz feliz?
Saber que a minha família e as poucoas pessoas que eu amo estão bem. Me sentir bem comigo mesmo. Ter orgulho de ser quem eu sou. Muito sexo, beijos, momentos de prazer, diversão e intimidade com uma mulher que me atraia e seja inteligente, divertida e que queira estar comigo tanto quanto eu quero estar com ela.
Vida noturna, com alcool, música alta e pessoas diferentes não me atrai, não me diverte. Virar noites bebendo e dando risada com pessoas que eu não admiro, também não me faz feliz, nem me entrete.
Conhecer pessoas novas e ter relações casuais não me anima. Assim como ter sexo com profissionais. Nada disso me deixa muito animado.
Quando eu penso nos momentos em que eu me senti mais feliz. Só consigo pensar em estar na praia quando criança. No nascimento dos meus filhos. E nos vários momentos em que eu me senti completamente apaixonado por alguém que também estava apaixonada por mim.
Comprar coisas não me faz nada feliz, mas sentir que estou progredindo na minha carreira, sim. E, ter alguém para compartilhar e comemorar isso comigo, me faz ainda mais feliz.
Mas então, felicidade é sentir que se está vivendo "plenamente", fazendo um bom uso das suas capacidades, e recebendo algo em troca por isso.
No meu caso, eu sinto isso no meu trabalho, que é extremamente difícil e intelectual. Eu estou entre os melhores programadores do mundo, e isso é motivo de muito orgulho.
Eu tenho filhos fortes, inteligentes e saudáveis. E eu mesmo me sinto jovem, forte e bonito.
Estar com várias mulheres bonitas e interessantes pode me trazer alguma felicidade, e talvez eu tenha que me contentar com isso enquanto não encontro A mulher ideal para mim.
Eu aprendi muito em cada relacionamento, mesmo nos mais curtos. Então é isso que eu pretendo continuar fazendo daqui para frente. Mas me preocupa a dinâmica disso. Nas outras fases de solteiro, eu não estava me importando nem um pouco com as consequências de cada encontro, cada conversa, cada sentimento que estava sendo criado. Eu queria apenas explorar e me divertir. E eu não sou o mesmo. Eu não quero e não sou mais uma pessoa fria e distante.
Conhecer uma pessoa nova é muito trabalhoso. É muita troca de informações, e isso é cansativo. E misturar histórias e sentimentos é receita para o desastre emocional.
Apesar de tudo, meu maior desejo agora seja ela dizendo que realmente gosta de ser minha esposa e volte para a minha vida. Não voltar para a vida que nós tínhamos, mas para descobrir novas formas de amar e ser feliz.